FML2002

O blog dos Quartanistas da Faculdade de Medicina de Lisboa

domingo, julho 24, 2005

Atirar a matar para proteger

Foram estas as palavras utilizadas pelo chefe da Scotland Yard, Ian Blair, após a morte (5 tiros à queima roupa) de um brasileiro, numa estação de metro. Dizem que o mandaram parar e ele desobedeceu.... Bam, Bam, Bam, Bam, Bam... ups... afinal era só um gajo a caminho do trabalho que se lembrou de levar umas roupas mais largas...
Vá, sintam-se protegidos agora. A probabilidade do próximo fuzilamento ser em um de vós é baixa.

14 Comments:

At 4:41 da tarde, Blogger Pingalin said...

Pois é Hugo, é complicado avaliar a situação, a polícia não agiu da melhor forma e o cidadão brasileiro que acabou por ser mais uma vitima do terrorismo também não agiu da melhor forma.
Ambos se deixaram levar pelo pânico, o terrorismo parece a cada dia que passa ir conseguindo mais os seus objectivos;
O medo está cada vez mais presente entre nós, desconfia-se de tudo e de todos, para evitarmos isto, resta-nos não ter comportamentos de risco, é como se tivesses a evitar uma infecção, mas neste caso a prevenção é:
-não desrespeitar as autoridades (pois estarás a dar-lhes uma razão para fazerem o que entenderem)
-não esquecer sacos em locais públicos
O indivíduo "inocente" que foi abatido vivia com os perssupostos terroristas, será que ele tinha algo a esconder, ou fugiu só por pânico?!
Põe-te no lugar da polícia, se não tivessem disparado e ele tivesse "fugido" e por acaso ele fosse algo mais que "um jovem brasileiro inocente" e ocorresse um atentado no dia seguinte ou mesmo após poucas horas!
Eu acho é que não devemos cair em cima da polícia, não tiveram a atitude correcta é verdade, mas quantas vezes eles impediram que se realizassem atentados, quantas vidas eles já salvaram, e dessas vezes ninguém veio proclamá-los heróis, pois estavam só a fazer o seu trabalho! Desta vez correu mal,como seres humanos que são eles também falham, também se deixam levar pelo medo, um dia tudo isto terá um fim, espero melhor do que aquele que infelizmente prevejo!
Violência só gera mais violência.

 
At 4:48 da tarde, Blogger Unknown said...

A questão aqui é só uma: até q ponto estamos dispostos a abdicar da nossa liberdade, q tantos anos demorou a conquistar, para nos podermos sentir um pouco mais protegidos (embora essa seja uma "pseudo-protecção", como se vê por este infeliz caso)? Qual é a tua opinião, Hugo ( e de todos, já agora)?

 
At 5:34 da tarde, Blogger Luís said...

O outro lado da questão:
os milhares de pessoas que também iam "só a caminho do trabalho" e que com um só Bam! perderam as suas vidas.

Não defendo a actuação da polícia (ou DO agente da polícia). Qualquer decisão é errada a priori por ser precipitada. Foi uma acção condenável, mas não surge do nada.
Concordo absolutamente com o Miguel: "o terrorismo parece a cada dia que passa ir conseguindo mais os seus objectivos" -> e não é que até conseguem por o "bem" a servir os seus interesses e a aumentar o clima de medo?

Hugo: não defendes que se fique de braços cruzados enquanto semanalmente nos chegam notícias de novos ataques como os de NY, Madrid ou Londres, pois não?

Quote de autor desconhecido: "Da cimeira das Lages, já só faltamos nós"

 
At 7:02 da tarde, Blogger Manuel Neves said...

- Se estivermos no País Basco, podemos ser todos presos 3 dias para interrogatório (com estes dois deliciosos detalhes: sem direito a advogado ou a falar com a família ) se formos suspeitos de ser etarras.
- Em Londres podemos levar 5 balas pelas costas (não vá um estrangeiro fugir e haver uma bomba daqui a umas horas.)
- Nos EUA se formos imigrantes, o Governo tem direito a ver os talões dos livros que compramos (não vá um de nós comprar o Corão ou o Manifesto do Partido Comunista).

Sabem que mais? Nos tempos de Salazar também se podia ir preso por suspeita de ser comunista. O argumento era o mesmo: segurança do Estado.

Eu lamento imenso, mas não me agrada nada a desculpa da segurança para se abater tudo o que mexe, para se poder ver facturas telefónicas, para tudo e mais alguma coisa. Sinceramente, essa perspectiva (a de um dia poder levar um tiro na cabeça porque tenho aspecto moreno) assusta-me mais que o terrorismo "per si".
O terrorismo é "brilhante" (e meto as aspas para não sofrer o "efeito Ana Drago" que por ter dito que os ataques estavam "muito bem coordenados" já era a favor do terrorismo...) por isto. Mete medo, não tem cara nem rosto nem país.
Eu - lamento desiludir-vos - não tenho solução para o mesmo, mas se acho bem que o governo diga que não devemos mudar os nossos hábitos porque isso constitui uma vitória terrorista, agradecia que eles não mudassem os deles e que não dessem ordens para "atirar para proteger"...

Miguel: ter pressupostos terroristas é parecer estrangeiro? Achas que o polícia deve olhar para todos os habitantes não estereotipadamente ingleses como potenciais bombistas? Porra... Não há desculpa. Esse polícia é um assassino. Isso é como se tu ao ver um gajo com febre lhe fizesses uma cirurgia perigosíssima. Depois dizias: "E se ele tivesse a doença "oimjoiqxqdwhxienrhq"?
Liça: se vais relativizar tudo e dizer que era só um electricista quando o atentado tinha 38 pessoas, vamos parar de falar no atentado e em terrorismo e vamos falar só das 3 crianças que morrem por minuto em África.

 
At 8:18 da tarde, Blogger Luís said...

Não estou a dizer que era só um electricista ou fosse o que fosse. Todos têm o mesmo direito à vida.
Estou a lembrar que todas as vítimas dos atentados, quer seja na Europa, nos EUA, no Iraque, também eram inocentes. E no entanto, ninguém saiu em defesa deles, ao passo que a morte do jovem brasileiro vai dar mais que falar do que todas as outras mortes.
Como é exemplo o post do Hugo...

 
At 11:20 da manhã, Blogger Pingalin said...

No meu comentário não vem a associação terrorismo-estrangeiro! possivelmente interpretas-te dessa forma; como é lógico não associo o terrorismo a estrangeiros/imigrantes.
Tanto o médico como o polícia podem errar e matar, agora é preciso ver o que estava por trás do seu erro; Axas mesmo que a intenção do polícia era matá-lo desde o ínicio? no meu entender foi um acidente, descontro-lo. Ao chamares assassino ao polícia estás a ser igual a ele, pois ele chamou terrorista ao brasileiro por ele estar a fugir.Por ter morto não significa que seja assassino.
Em Abril de 2004, Londres, estava eu a ver umas revistas numa papelaria que se situava numa estação de comboio e tive a brilhante ideia de largar a minha mochila desportiva junto ao expositor e deslocar-me 1m ao lado para folhear a revista, resultado passado 2min tinha um polícia a perguntar se o saco era meu e a dizer que não podia deixar o saco pousado!
Isto é para teres uma ideia do medo que se vivia naquela altura, imagina o que sentem hoje!
A liberdade é maravilhosa, mas liberdade não é sinónimo de anarquia, e para se viver em sociedade tem de se seguir regras (demasiadas regras por vezes); Nenhuma sociedade deve querer impor-se sobre outra, por mais poderosa/numerosa que seja, deve sempre respeitar os valores das outras!
ps:não acredito que as autoridades estejam a agir de forma a manter a segurança do estado, no meu ponto de vista, estão a agir de forma a manter a segurança da maria, do zé, de pessoas livres que circulam pelas ruas de Londres, que vão a caminho do seu emprego ou simplesmente aproveitam o tempo para passear! Estas são as vítimas directas do terrorismo, indirectamente todos nós ficamos a perder.

 
At 1:12 da tarde, Blogger Manuel Neves said...

miguel: eu sei que tu não associas os estrangeiros aos terroistas, mas quando dizes que o indivíduo vivia com "os pressupostos terroristas" estavas a falar do quê? Eu suponho que é ter a fisionomia errada na hora errada...
Claro que o polícia é um assassino. Se eu não posso matar ninguém (e acho bem que eu não possa fazê-lo...) porque é que ele pode?
Reparem: imaginem que o electricista era um emigrante ilegal. Não tinha papéis, vê polícia, logo quer fugir. O crime dele (a ilegalidade) tem pena máxima. O mundo é irónico.
Liça: esta morte é mais comentada porque tem o sarcasmo de ser um dano colateral da defesa do estado. É só por isso. Se não pudermos falar de uma desgraça enquanto não se resolverem e discutirem as desgraças maiores, por uns séculos só falamos de África...

 
At 4:02 da tarde, Blogger Pingalin said...

1º- a policia não sabia que ele vivia com eles (isso veio a saber-se dp)
2º- ele não tinha de pagar a pena máxima, mas naquele momento tinha de obedecer as ordens da policia, o que ele não fez
3º- o policia teve de decidir numa fracção de segundos e sob enorme pressão, partindo do principio que havia algo que n era inocente no individuo pois ele encontrava-se em fuga, o policia na altura não tinha conhecimento nem tempo para avaliar o porque da fuga!
4º- agora curiosamente fou fazer um suponhamos:
11 de setembro de 2001, 45m antes do embate com as torres gemeas, tu, manuel, tinhas informação e poder para abater o avião! que farias? esperavas que houvesse algum heroi dentro do aviao e deixavas o seguir o seu rumo mortal, ou mandavas um f16 abate-lo o mais rapido possivel (de forma a evitar destroços sobre uma area habitada)? eu por muito que custasse a vida das pessoas que seguiam a bordo mandava-o abaixo.
5º- tu não podes matar ninguém, é verdade, eu não posso matar ninguém, é verdade, mas no futuro e esperemos que não, podemos perscrever uma terapeutica menos aconselhada que leve a morte mais rapidamente, podemos ter um engano durante uma cirurgia associado ao stress do momento, ao cansaço acumulado de horas a mais em serviço, onde eu quero chegar é que existiam muitas condicionantes e muito pouco tempo para o policia actuar, ele tomou a decisão de abater o homem que ia em fuga, por acaso não era terrorista, mas numa altura em que se anda a caça de terroristas acho não ser boa ideia não acatar ordens da policia.
6º- eu na altura que escrevi, que o individuo vivia com os terroristas, ou no mesmo predio, estava apenas a referir-me a possibilidade de ele saber provavelmente algo a cerca dos terroristas, e por medo de represálias por parte destes (se soubessem que ele tinha sido interrogado pela policia) tinha decidido fugir quando foi interceptado pela policia. era só isto que eu queria dizer.


- Eu posso estar a interpretar as coisas mal, mas a minha opinião é que não se deve julgar o policia pela atitude que tomou! e volto a perguntar que terias feito tu se tivesses no lugar dele?

 
At 5:51 da tarde, Blogger Luís said...

Falemos de África então!

 
At 1:00 da manhã, Blogger Unknown said...

Acho, muito sinceramente, difícil não condenar a atitude do polícia...mas a verdade é q a maior culpa n é propriamente dele, mas sim do clima q se instalou nos dias q se seguiram aos atentados.
Mas a verdade é q nem eu nem ninguém podemos considerar correcto, mesmo tendo em conta todos os condicionantes...ent e se eu amanhã vou a correr para o metro para o apanhar, pq as portas estão a fechar, e a polícia portuguesa (talvez o exemplo não seja o melhor, porque duvido q o tempo de reacção destes fosse inferior às 3 apitadelas q o metro dá a fechar as portas) interpretasse mal o meu acto e me julgasse um terrorista?
E ainda ponho outra questão: eu admito que, sinceramente, percebo pouco de bombas, e de armas, e de energias cinéticas a criarem faíscas e coisas assim...mas se aquela pessoa levasse bombas no corpo, por exemplo, as balas não eram um grande risco de detonação? Porque é q não se atirou para os membros, no sentido de imobilizar? Devo frisar q n estaria também de acordo com essa situação, isto é mesmo mais uma dúvida minha q outra coisa...
"1984", meus amigos..."1984"!

 
At 1:36 da tarde, Blogger Luís said...

Pedro

Antes do incidente que aqui se comenta, vi na televisão um dos "bosses" da polícia de Londres dizer que os agentes tinham ordens para disparar à cabeça. A cabeça é, de facto, o melhor sítio, porque permite imobilizar mais rapidamente (pois...) e é o único sítio que não é tão facilmente armadilhado. Talvez por isso a maior parte dos tiros (que foram oito, não cinco, segundo o Público), foram na cabeça.

Abraço
Quanto ao mail que mandaste sobre as optativas, epa, também não percebo. :S

 
At 8:20 da tarde, Blogger Unknown said...

Então mas se seguirmos este argumento, também podemos dizer que o melhor a fazer a qualquer pessoa acusada de pedofilia é condená-la à morte, sem julgamento...pode até ser inocente, mas, se fôr culpada, vai sair e violar muito mais crianças!E não há nada como prevenção...

 
At 8:22 da tarde, Blogger Unknown said...

Agora outro assunto diferente, mas para não abrir outro post, vai memso aqui: um grupo de funcionários públicos manifesta-se na assembleia da república, entre eles suspeita-se que agentes da polícia à paisana...e o governo pede para que seja feita a identificação desses agentes?Para quê, posso saber?

 
At 10:08 da tarde, Blogger Luís said...

Epa, isso também não pode ser assim. Naquele caso, e como o Miguel enfatizou, estava muita coisa em jogo, e era uma decisão de instantes, daí a decisão precipitada que critiquei. No caso da pedofilia, não é por haver ou não acção instantânea que um gajo se vai agarrar e violar uma criança em segundos.

Eheh, não sabia dessa. Sei que um ministro qualquer queria instaurar processos disciplinares aos polícias que entregassem as armas como sinal de protesto. Parece que é perseguição...

 

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