FML2002

O blog dos Quartanistas da Faculdade de Medicina de Lisboa

quarta-feira, dezembro 15, 2004

EUA e Kyoto

O governo dos Estados Unidos admitiu pela primeira vez que a poluição produzida pelo homem é a responsável pelo aquecimento global e tem grave impacto sobre o meio-ambiente.

Num relatório de 268 páginas submetido à ONU, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) endossou o que muitos cientistas já vêm argumentando há muito tempo – que atividades criadas pelo homem, como o refinamento de petróleo, a geração de energia e as emissões de gases dos carros, são causas significativas do aquecimento global.

Mas a administração do presidente George W. Bush afirma que ainda não vê necessidade de assinar o protocolo de Kyoto, um tratado internacional contra o aquecimento global que o governo americano rejeitou no ano passado.

O protocolo internacional forçaria os Estados Unidos a reduzir a produção de gases que provocam o efeito estufa e o governo Bush alega que assinar o documento pode prejudicar a economia americana.

Argumentos

"Gases que produzem o efeito estufa estão se acumulando na atmosfera terrestre como resultado das atividades do homem, provocando o aumento da temperatura média do ar e dos oceanos", diz o texto do relatório.

"As mudanças observadas nas últimas décadas foram, em sua maioria, causadas pelo homem", concluiu o documento.

A posição manifestada pelo relatório é contrária ao que dizem os que apóiam o presidente Bush nas indústrias automobilística, petrolífera e de eletricidade – eles acreditam que é necessário realizar mais pesquisas para se ter certeza de que há uma ligação entre o aquecimento global e as atividades que realizam.

Os Estados Unidos são os maiores emissores do mundo de gases que provocam o efeito estufa.

Recusa

Apesar de admitir que existe uma ligação entre as atividades do homem e o aquecimento global, o governo dos Estados Unidos ainda se recusa a ratificar o tratado de Kyoto, preferindo tomar "medidas próprias" para controlar a emissão de gases poluentes.

Essas medidas, segundo o relatório, "devem conseguir uma redução comparável à redução média prevista pelo acordo de Kyoto, mas sem as ameaças ao crescimento econômico que limites rígidos de emissão poderiam trazer.

"O relatório também admite que o aquecimento global deve continuar – prevendo que a emissão total de gases nos Estados Unidos aumente cerca de 43% entre 2000 e 2020.